Seleção perde, mas está na Copa, enquanto o futebol do Piauí está em decadência

domingo, 11 de outubro de 2009

Texto e Fotos: Wenner Tito e Joaquim Camilo

No fim da tarde desse domingo, o Brasil foi derrotado, por 2 a 1, pela seleção boliviana. Em jogo válido pela 17ª rodada das eliminatórias, a seleção brasileira viu sua invencibilidade, de 19 jogos, cair diante de 3600 metros acima do mar, em La Paz. Com Kaká, Luis Fabiano e Gilberto Silva poupados, os esforços de Nilmar, Maicon e Daniel Alves não foram suficientes para evitar o revés contra o time da Bolívia.

O jogo

Com sol forte e calor intenso, o time brasileiro não jogou bem e sofreu com a intensa marcação boliviana. Em um escanteio aos 9 minutos do primeiro tempo, a Bolívia se aproveitou da falha da defesa e abriu o placar com Olivares. Aos 30 minutos, com o jogo um pouco mais equilibrado, o segundo gol boliviano sairia de uma falta cobrada por Marcelo Moreno, sem chances para Julio César. No segundo tempo, em contra-ataque, a seleção brasileira diminuiria com Nilmar, em ótima assistência de Maicon. Com um time modificado, onde Diego Sousa, Josué e Adriano começaram jogando, o Brasil viu a Bolívia vencer em La Paz. Um resultado que não modifica a situação brasileira. Já classificado para o mundial, o time brasileiro definirá se será campeão simbólico das eliminatórias sul-americanas na próxima quarta-feira, contra a Venezuela em Campo Grande (MS), no Estádio Morenão, às 19 horas.

Repercussão em Teresina

Na capital teresinense, o jogo da seleção movimentou a tarde desse domingo. Em locais tradicionais de transmissão de jogos, a torcida brasileira se reuniu para apoiar a seleção de Dunga. Mesmo diante da derrota, os torcedores reconheceram o esforço do time e aprovam o trabalho que o treinador vem fazendo. Seu Edson, comerciário, acompanhou o jogo no shopping Riverside e citou os bons números da seleção. “Fazia tempos que não via a seleção brasileira se dedicar tanto nos jogos como na era Dunga. Perder pra Bolívia na altitude é ruim, mas não muda nada. Já estamos na Copa e somos os primeiros das eliminatórias”, finalizou.

Futebol Piauiense

Não é de hoje que o futebol piauiense não adquire, nem de longe, a notabilidade dos times de outros estados. E em uma tarde movimentada pela empolgação dos torcedores com a seleção, surge a pergunta: por que em um país com uma seleção tão competitiva e vitoriosa e jogadores mais que valorizados no cenário internacional, o futebol do Piauí fica tão abaixo do resto do país?

As respostas para esta pergunta podem ser as mais variadas possíveis. Falta de estrutura, falta de apoio dos órgãos governamentais, falta de incentivo às categorias de base para formação de novos atletas... As faltas são muitas, as ações concretas, poucas.

A estrutura dos times piauienses, mesmo dos mais tradicionais, passa longe daquilo que é usado no futebol atual para formação e desenvolvimento de atletas. Muitos times piauienses não contam nem mesmo com centro de treinamento próprio, como é o caso do Flamengo, que treina nas instalações da Universidade Federal e em uma fazenda de propriedade de um dos sócios da equipe. Mesmo aqueles que possuem sede própria não atendem à demanda do futebol. Campos ruins, vestiários em mal estado de conservação, falta de acompanhamento médico e psicológico dos jogadores, etc.

Com tal estrutura, é difícil algum craque ser revelado no Piauí, mesmo existindo alguns com bom potencial. Nesse ponto surge a incompetência administrativa. Times locais vendem os direitos de alguns jogadores revelados na base do clube e, consequentemente, perdem o que iriam ganhar nas transações feitas com estes jogadores. Menos dinheiro para o clube, menos investimentos.

Sem craques revelados e sem dinheiro para grandes contratações, os times piauienses não conseguem montar equipes que façam frente aos times do sul e sudeste, e nem mesmo a outros de estados nordestinos. Esta é a mais provável causa para o torcedor piauiense colocar sua paixão por futebol em times de outros estados. Em jogos de times como o São Paulo, Botafogo, Flamengo, Palmeiras, etc., os bares ficam lotados por toda a cidade, com torcedores fanáticos incentivando o seu time por televisão. Enquanto isso, o público dos estádios nos jogos locais dificilmente supera a marca dos 1000 pagantes. Sem apoio popular, dificilmente algum órgão governamental vai incentivar os times locais. Tudo isso compromete ainda mais a já abalada estrutura dos clubes piauienses.

A situação do futebol local é triste e complicada, mas com um pouco mais de organização dos clubes, aliado a um apoio popular, os times do Piauí podem um dia corresponder ao que se espera de um time do país da bola.

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